Ministério da Saúde de Lula sabia de órgãos transplantados com HIV há um mês
A ministra da pasta, Nísia Trindade, confirmou que o Ministério da Saúde adiou acionar as autoridades criminais por falta de “evidências concretas”.
A revelação de que o Ministério da Saúde tinha informações há mais de um mês sobre casos de contaminação por HIV em transplantes de órgãos no Rio de Janeiro evidencia a resposta tardia da pasta. A ministra da Saúde do governo Lula (PT), Nísia Trindade, confirmou na última quarta-feira (16/10) que, embora o alerta tenha chegado em setembro, o Ministério da Saúde adiou uma investigação mais aprofundada e não acionou as autoridades criminais por falta de “evidências concretas” até a confirmação de múltiplos casos na semana passada.
Em 13 de setembro, o ministério recebeu a primeira notificação oficial sobre a suspeita de contaminação, envolvendo seis receptores de órgãos contaminados com HIV. Contudo, a ministra explicou que “não havia motivo para acionar as autoridades” até que as suspeitas se intensificassem. "Somente quando identificamos indícios de ação criminosa é que solicitamos à Polícia Federal que entrasse no caso, cumprindo nosso papel em uma instância federal", afirmou Nísia em entrevista à TV Band.
O caso ganhou novos contornos após investigações apontarem falhas no laboratório PCS Lab Saleme, que certificava a segurança dos órgãos. Jacqueline Iris Bacellar de Assis, funcionária do laboratório e responsável por laudos fraudulentos que liberaram órgãos de doadores HIV positivos, se entregou à Polícia Civil após um período foragida. Utilizando o registro de outra pessoa para assinar laudos, Jacqueline viabilizou a liberação de órgãos contaminados por HIV.
Além dela, Walter Vieira, dono do laboratório, e Ivanilson Fernandes, técnico responsável pelas análises, também foram presos. Em resposta ao avanço das investigações, o Ministério da Saúde orientou a Central de Transplantes do Rio de Janeiro a revisar protocolos e notificou os hospitais responsáveis, mas as medidas chegaram tarde para os pacientes que foram infectados.
Desde a confirmação das contaminações, o Ministério da Saúde tem monitorado os pacientes infectados, recomendando novos exames e o tratamento antirretroviral imediato. Em comunicado, reforçou que “a integridade do Sistema Nacional de Transplantes e a segurança dos pacientes são prioridades”, assegurando o acompanhamento conjunto com a Anvisa e a Vigilância Sanitária para responsabilização dos envolvidos.
Importante! Venha fazer parte da construção do Terça Livre junto com o jornalista Allan dos Santos. Apoie o retorno do Terça Livre CLICANDO AQUI!