Gestapo de Moraes mira “omissão” de ex-comandantes de Exército e Aeronáutica
Se foram omissos, serão pegos por Moraes. Se fizeram parte, a traição ficará exposta
Gestapo de Moraes quer entender se Freire Gomes (Exército) e Baptista Junior (Aeronáutica) “contribuíram”, ao se “omitirem”, para a pseudo-tentativa de “golpe” no fim do governo Jair Bolsonaro.
No relatório que embasou a narrativa da operação Tempus Veritatis, que mirou ex-ministros do governo Jair Bolsonaro, a Gestapo de Moraes (PF) aponta a “necessidade de apurar se o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, e o da Aeronáutica, Baptista Junior, contribuíram para a tentativa de golpe por omissão”. O que é uma contradição, pois é impossível que alguém contribua com algo ao se omitir. Fica evidente que se foram “omissos”, serão pegos por Moraes. Se fizeram parte, a traição ficará exposta.
Segundo o relato feito pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid, Almir Garnier teria sinalizado adesão a um eventual “golpe militar”. Ele é o único dos três comandantes alvos da operação.
A Gestapo de Moraes, contudo, indica que a postura dos outros dois precisa ser apurada para entender o motivo da não-adesão e a omissão de não terem denunciado os “planos em andamento”.
“Conforme o exposto, os fatos apresentados revelaram a adesão e participação de vários militares aos atos que estavam sendo desenvolvidos pelo grupo investigado na tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Em relação ao general Freire Gomes e ao Brigadeiro Baptista Junior os elementos colhidos, até o presente momento, indicam que teriam resistido às investidas do grupo golpista. No entanto, considerando a posição de agentes garantidores, é necessário avançar na investigação para apurar uma possível conduta por omissão pelo fato de terem tomado ciência dos atos que estavam sendo praticados para subverter o regime democrático e mesmo assim, na condição de comandantes do Exército e da Aeronáutica, quedaram-se inertes”, diz o documento da Gestapo.
“Divulgação perigosa e inoportuna”
Outro militar citado no relatório, mas que não aparece como alvo, é o pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o general Lourena Cid.
Lourena havia sido citado na investigação da venda de joias no exterior e foi a possibilidade de prisão do pai que levou Mauro Cid a optar por um acordo de colaboração premiada. Até então, a justificativa era de que Lourena apenas havia ajudado em uma missão recebida pelo filho.
O relatório da Gestapo, no entanto, mostra uma troca de mensagens que revela uma preocupação com a narrativa montada pelo “grupo golpista” para manter apoiadores mobilizados.
Gestapo faz operação contra militares e aliados políticos de Bolsonaro
O Ministério da Defesa havia sinalizado que divulgaria o relatório feito sobre possíveis fraudes nas urnas logo após a realização do primeiro turno. De acordo com as investigações, o objetivo era mostrar que processo eleitoral poderia ser fraudado. Como a pasta não conseguiu localizar vulnerabilidades, a divulgação do resultado passou a gerar a apreensão pela da pasta no compromisso de divulgação a apuração.
Em 4 de outubro, às 20h28, Lourena encaminha para o filho, Mauro Cid, uma mensagem recebida por outra pessoa, não identificada pela Gestapo:
“Há ruído nas redes sobre a existência de um relatório do ComDCiber que concluiria pela não identificação de irregularidades no processo eleitoral do primeiro turno. Muitos consideram inoportuna e perigosa a divulgação de tal documento antes do final do pleito”, assinala.
Na manhã de 5 de outubro, outra mensagem é enviada, reforçando o posicionamento da anterior:
“Por isso há grande receio de uma manifestação precipitada de endosso ao MD ao processo no primeiro turno”, diz.
Com efeito, a divulgação do parecer foi adiada e só aconteceu depois do segundo turno, após pressão do TCU (Tribunal de Contas da União). A nota oficial é dúbia e diz que não foi possível identificar, mas tampouco descartar eventuais fraudes.
A operação Tempus Veritatis foi deflagrada na quinta-feira passada para apurar uma suposta “tentativa de golpe” articulada dentro do governo Bolsonaro. Ao todo, 16 militares foram alvos.
Quando chegar a hora do humpty dumpty cair do muro e rachar o coco ele vai alegar psicopatia.
Vão perdoar ou não?