"Farsa" nas eleições presidenciais russas em territórios ocupados, afirma Ucrânia
Membros das comissões eleitorais russas têm visitado os moradores de cidades ocupadas desde o dia 25 de fevereiro, acompanhados sempre de pelo menos um soldado armado.
A Ucrânia emitiu uma forte denúncia nesta última sexta-feira (15/03) contra as eleições presidenciais russas realizadas em territórios ocupados, incluindo Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson, além da Crimeia, exortando seus cidadãos a não participarem do que descreve como uma eleição "falsa", em meio a relatos de várias irregularidades.
A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, apelou aos residentes das áreas ocupadas, que compreendem aproximadamente 20% do país, para evitarem participar das eleições "por todos os meios".
"Os ocupantes podem escolher quem quiserem e dizer o que quiserem em sua justificativa. O principal é que os cidadãos ucranianos evitem participar dessa farsa", afirmou Vereshchuk. A fase principal da votação, que se estende por três dias, teve início nesta sexta-feira, tanto na Rússia quanto nos territórios ilegalmente anexados em 2014 e 2022.
Vereshchuk ressaltou que a Rússia "não respeita nenhum direito, liberdade, norma ou convenção internacional" nessas áreas ocupadas, instando os residentes a "fazerem todo o possível para sair".
Para Petro Andriushchenko, assessor do prefeito legítimo da cidade ocupada de Mariupol, no leste do país, as eleições presidenciais russas nos territórios ocupados não apenas carecem de legitimidade, mas também não se assemelham a eleições reais.
"Não se trata apenas de uma questão de ilegalidade. A questão é que não têm características de uma eleição", destacou Andriushchenko.
Segundo ele, enquanto a Rússia busca legitimar sua ocupação dos territórios ucranianos aos olhos de seus cidadãos, qualquer dado sobre a participação nas urnas carece de sentido e está longe da realidade.
"Não pode haver dados confiáveis simplesmente porque não há listas de eleitores. E realizar eleições, mesmo as ilegais, sem essas listas é um absurdo", enfatizou.
Forçados a Votar
Katerina Mikhalevska, analista da OPORA, uma ONG que se concentra em práticas eleitorais, denunciou que a Rússia está utilizando as eleições para testar a lealdade dos residentes remanescentes e, de fato, forçá-los a votar.
Nas áreas ocupadas das regiões de Zaporizhzhia e Kherson, membros das comissões eleitorais russas têm visitado os moradores em suas residências desde 25 de fevereiro, acompanhados por pelo menos um soldado armado.
"Há vídeos, assim como testemunhos que recebemos, tanto diretos quanto anônimos, que confirmam isso. Se alguém se recusa a votar na presença deles, é imediatamente questionado: por quê? É difícil argumentar na presença de homens armados", relatou Mikhalevska.
Yevgeny Balitsky, o líder imposto pela Rússia na região ocupada de Zaporizhzhia, também anunciou publicamente que as autoridades russas têm um plano para filtrar e deportar "cidadãos não confiáveis", acrescentou a especialista.
Em muitos casos, a votação ocorre em "seções eleitorais" improvisadas nas ruas, onde o voto secreto, o monitoramento eficaz e o armazenamento seguro das cédulas são impossíveis, concluiu Mikhalevska.
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Nesse caso o fato da presença de um militar armado acompanhando os representantes russos é plenamente de acordo com o clima de continua ameaça nesses regiões, Himars,drones e muito mais ameaçando essas população desde 2014 com um genocidio de crianças e adolescentes comprovado.
Cadê as eleições? Isso é uma imposição muito grave. Ao meu ver, não querem eleições.