Endividamento do brasileiro sobe em janeiro e mercado entra em alerta
Mesmo depois de leves quedas, estudo aponta que perto de 2 milhões de pessoas entraram na lista de endividados em janeiro desse ano.
O número de consumidores inadimplentes no Brasil registra aumento em janeiro deste ano, revertendo as leves tendências de queda nos dois meses anteriores (novembro e dezembro 2023), conforme aponta um levantamento realizado pela Serasa.
De acordo com os dados, em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve um aumento significativo no número de inadimplentes, passando de 70,09 milhões para 72,07 milhões de pessoas no Brasil.
O estudo também destacou que os principais motivos da inadimplência nos anos de 2022 e 2023 foram o desemprego e a redução na renda. O desemprego foi apontado por 29% dos endividados em 2022 e por 22% em 2023. Já a redução de renda foi citada por 12% e 20% dos inadimplentes nos mesmos períodos, respectivamente.
O cartão de crédito permanece como a principal fonte de dívidas entre os inadimplentes, mantendo-se desde 2018 até 2023. No último ano, o cartão de crédito representava a principal dívida para 55% dos endividados.
A pesquisa também revelou que sete em cada dez brasileiros costumam parcelar suas compras, sendo que a maior parcela (27%) não tem o valor integral para pagamento à vista.
Em relação à satisfação com as finanças pessoais, apenas 11% das mulheres das classes C, D e E, e 16% das mulheres das classes A e B, afirmaram estar satisfeitas. Considerando homens e mulheres, 12% de faixas das classes C, D e E, e 17% das faixas A e B disseram estar satisfeitos com a vida financeira.
Muitos especialistas ressaltam a necessidade de medidas abrangentes para enfrentar o problema da inadimplência, como combate ao desemprego estimulando o empreendedorismo e regularizando informalidade, educação financeira mais presente no ensino, principalmente, nos primeiros anos escolares, microcrédito local concorrentes dos grandes bancos, modelo de crédito consciente que o consumidor entenda de fato aquilo que ele contrata e a proteção legal do consumidor contra ciladas dos juros abusivos.
Apesar da importância da educação financeira, especialistas destacam que o principal problema é a baixa renda dos brasileiros, combinada com altas taxas de juros dos créditos. Isso é um problema das constantes políticas econômicas erradas de governos gastadores e sem o compromisso com o controle das contas públicas.
Ainda neste ponto, um exemplo interessante dos especialistas, é quando o governo gasta muito, ele precisa de mais créditos e acaba absorvendo o dinheiro que está “disponível” no mercado de créditos. Dessa forma, o governo acaba competindo com o cidadão que também busca linhas de créditos nesse mercado, fazendo que os juros dos créditos disponíveis aumentem muito.
Quanto mais pessoas ou instituições buscam créditos no mercado, menor é a oferta, ocorrendo um aumento nos juros praticados pelo mercado. Essa é a “lei da oferta e demanda”, que também é realidade presente no mercado de créditos em qualquer lugar no mundo.
Mutirão para Renegociação de Dívidas
O Programa Desenrola Brasil, do Ministério da Fazenda, lançou um mutirão de renegociação de dívidas que vai até o dia 28 de março. Os interessados poderão acessar as ofertas do "MegaFeirão" Serasa e Desenrola em locais definidos em suas cidades ou nos sites do Programa Desenrola Brasil e da Serasa Limpa Nome.
Mais de 700 empresas participam do mutirão, incluindo bancos, financeiras, comércio varejista, operadoras de telefonia, securitizadoras, além de concessionárias de água e energia.
Segundo técnicos o Ministério da Fazenda, mais de 550 milhões de ofertas estarão disponíveis no feirão, com descontos de até 96% do Programa Desenrola, que encerra no dia 31 de março. Essa pode ser uma boa oportunidade para quitar ou renegociar suas dívidas com juros mais baratos.
Educação financeira na escola seria muito mais produtivo que “O que rola por aí” - matéria incluída após a reforma do ensino médio. Depois não sabem porque os números só pioram…