China prende manifestantes que lembravam as vítimas no massacre da Praça da Paz Celestial
Organizações de direitos humanos criticaram as autoridades chinesas em Hong Kong pela prisão de pessoas por organizarem homenagens pelas vítimas do Massacre da Praça da Paz Celestial.
Organizações de direitos humanos criticaram as autoridades chinesas em Hong Kong pela prisão de seis pessoas, incluindo a conhecida advogada e ativista Tonyee Chow Hang-tung, por organizarem atividades de lembrança antes do aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial.
No dia 28 de maio, a polícia de Hong Kong prendeu seis indivíduos, com idades entre 37 e 65 anos, acusados de "agir com intenção sediciosa" sob a nova legislação do Artigo 23 (Ordenança de Salvaguarda da Segurança Nacional). Essa lei de segurança, segundo críticos, tem sido usada por Pequim para restringir ainda mais a liberdade em Hong Kong.
A polícia afirmou que uma das suspeitas usou "uma data sensível que se aproxima para publicar repetidamente postagens com intenção sediciosa em uma plataforma social, com a ajuda de pelo menos seis pessoas presas desde abril de 2024. O conteúdo das postagens incitava ódio contra as Autoridades Centrais, o Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong e o Judiciário, além de incentivar atividades ilegais", diz o comunicado policial.
A "data sensível" parece se referir ao dia 4 de junho, aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial de 1989, quando o governo chinês enviou tropas para reprimir protestos pró-democracia, resultando na morte de muitos estudantes. Desde então, qualquer menção ao incidente é rigorosamente censurada na China continental.
Entre os presos está Chow Hang-tung, vice-presidente da Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Patrióticos Democráticos da China. Chow está sob custódia desde 2021, enfrentando várias acusações relacionadas à organização de vigílias em memória das vítimas do massacre.
Nos últimos 30 anos, Hong Kong, ex-colônia britânica, foi o único lugar em território chinês, além de Taiwan, a realizar grandes vigílias públicas para lembrar os estudantes mortos pelo Partido Comunista Chinês.
As prisões de 28 de maio foram as primeiras sob a nova legislação do Artigo 23 de Hong Kong, que desde sua introdução em março de 2024, aumentou as preocupações sobre a erosão das liberdades ao ampliar o poder das autoridades para lidar com possíveis desafios ao governo, incluindo punir traição e insurreição com penas que podem chegar à prisão perpétua. Condenados por atos sediciosos podem pegar até sete anos de prisão.
Entre os outros presos estão a mãe de Chow, Chow Lau Wah-chun, de 65 anos; os ex-membros do Comitê Permanente da Aliança de Hong Kong, Lau Ka-yee, de 51 anos, e Kwan Chun-bong, de 52 anos; a ex-conselheira distrital pró-democracia de Tsuen Wan, Katrina Chan Kim-kam, de 37 anos; e a dentista Lee Ying-chi, de 55 anos.
"Um Ato Vergonhoso"
A Anistia Internacional condenou as prisões como "vergonhosas" e um "insulto" às vítimas do massacre de 1989. Sarah Brooks, diretora da Anistia Internacional para a China, declarou que o governo de Hong Kong mais uma vez tentou suprimir a liberdade de expressão, impedindo as pessoas de lembrar os eventos de 4 de junho de 1989. Ela pediu a libertação imediata e incondicional dos detidos.
Reino Unido Deve Se Manifestar e Agir
A Hong Kong Watch, instituição de caridade do Reino Unido, também condenou as prisões. Benedict Rogers, cofundador e diretor executivo da organização, destacou que o governo do Reino Unido deve considerar a nova legislação como uma violação da Declaração Conjunta Sino-Britânica e impor sanções ao Chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee.
"Buscar Assistência Jurídica é um Direito Fundamental"
O Centro de Direitos Humanos de Hong Kong, criado em 2022 por defensores dos direitos humanos, também se pronunciou. A organização afirmou que o governo de Hong Kong tem usado a lei como arma para infringir a liberdade de expressão dos cidadãos, ressaltando que as disposições sobre sedição são vagas e podem ser aplicadas arbitrariamente, representando um risco real para os dissidentes.
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Alexandre também prende quem se manifesta.
Estamos chegando a este estágio de desumanização!