Célula de espionagem do Partido Comunista Chinês é descoberta entre militares de Taiwan
Os presos fazem parte de um grupo de 10 militares e ex-militares que foram processados após uma investigação que culminou em suas condenações. A investigação iniciou em 2023.
Taiwan prendeu oito militares e ex-militares suspeitos de integrar uma rede de espionagem ligada ao Partido Comunista Chinês (PCCh). As Forças Armadas do país estão enfrentando "desafios sem precedentes" no combate a atividades de espionagem, conforme alerta o órgão de supervisão governamental.
Os indivíduos foram detidos na última quinta-feira (22/08), acusados de fornecer informações sigilosas e material de propaganda ao governo chinês. As sentenças impostas variam entre 18 meses e 13 anos de prisão, segundo o Bureau de Investigação do Ministério da Justiça.
Este incidente ocorre em um momento de crescente tensão entre Taiwan e a China continental, que reivindica a ilha autônoma como parte de seu território. A exposição de espiões do PCCh no Ocidente tem aumentado, destacando a intensidade das operações de inteligência chinesas.
Em nota divulgada na quinta-feira (22/08), o Ministério da Defesa Nacional de Taiwan manifestou respeito pela decisão do Tribunal Superior e anunciou planos para reforçar o treinamento de segurança em resposta à "onipresente" ameaça de espionagem.
Os presos fazem parte de um grupo de 10 militares e ex-militares que foram processados em novembro de 2023, após uma investigação que culminou em suas condenações. Eles foram sentenciados a um total de 58 anos e seis meses de prisão por crimes de corrupção e violações da Lei de Segurança Nacional, da Lei de Proteção de Segredos de Estado e do Código Penal Militar, de acordo com o Bureau de Investigação.
O caso teve início em 2022, quando a filial do Bureau em Taoyuan descobriu que Chen X-hsin havia sido recrutado por oficiais do PCCh. Chen então teria pago aos ex-militares Hsiao Hsiang-yun e Hsieh Ping-cheng para recrutar e coordenar informantes encarregados de coletar inteligência militar para o regime chinês.
É comum em Taiwan e na China continental que os nomes de réus sejam parcialmente ocultados em comunicados de imprensa, embora seus nomes completos apareçam nos documentos judiciais.
Hsiao e Hsieh receberam penas de 13 e oito anos de prisão, respectivamente. Chen, entretanto, não foi preso na quinta-feira. A Central News Agency (CNA) de Taiwan informou que o oficial militar aposentado permanece foragido, possivelmente na China continental. Outro réu, acusado de produzir vídeos de propaganda para o PCCh, foi absolvido.
A sentença completa ainda não está disponível no site do Tribunal Superior, e o Epoch Times não conseguiu verificar o documento de forma independente.
Entre os condenados, Hsieh Meng-shu foi sentenciado a nove anos de prisão. Segundo a CNA, Hsieh, um tenente-coronel, teria planejado desertar para o PCCh pilotando um helicóptero CH-47 Chinook, após ser persuadido por Hsieh Ping-cheng.
Outros quatro indivíduos, Ho Hsin-ju, Kang Yi-pin, Hung X-yang e Lu X-fang, foram sentenciados a penas que variam de cinco anos e seis meses a sete anos e quatro meses, por fornecerem informações ao PCCh. Lu também gravou um vídeo de propaganda declarando estar "disposto a se render ao Exército de Libertação Popular", conforme relatado pelos promotores. Wu X-peng, por outro lado, foi absolvido das mesmas acusações.
Paralelamente, Liu X-chi foi condenado a um ano e meio de prisão por acessar informações classificadas. Segundo o Bureau de Investigação, o PCCh utilizou criptomoedas para remunerar os informantes.
Deficiências no Sistema de Contrainteligência
Na quinta-feira, o Comitê de Assuntos de Defesa Nacional e Relações Exteriores do Yuan de Controle, responsável por auditar o governo e exercer poderes de impeachment, apontou “deficiências sistêmicas” no sistema de contrainteligência militar taiwanês.
Em um relatório recente, o comitê revelou que, nos últimos 12 anos, houve um aumento significativo nos casos de espionagem envolvendo militares taiwaneses. Entre 2011 e 2023, 113 suspeitos foram identificados em 40 casos, alguns relacionados ao vazamento de documentos de defesa “ultrassecretos”.
O relatório também destacou que, entre janeiro de 2022 e junho de 2024, a unidade de segurança militar detectou 1.706 tentativas de coleta de inteligência por agentes do PCCh, realizadas principalmente online. O PCCh tem ampliado seu alvo, envolvendo desde oficiais de alta patente até soldados de qualquer nível, e oferecendo recompensas financeiras em troca de um compromisso de lealdade em caso de conflito.
Além disso, o relatório afirma que o PCCh tem explorado redes sociais e plataformas de jogos para criar armadilhas financeiras, forçando militares taiwaneses a fornecerem informações como forma de pagamento. O uso de criptomoedas tem dificultado a coleta de provas por parte dos investigadores, agravando os “desafios sem precedentes” enfrentados pelas Forças Armadas.
Apesar do aumento das atividades do PCCh, o comitê destacou que os recursos destinados à segurança militar em Taiwan têm diminuído, deixando o orçamento em um nível “inimaginavelmente” baixo. Diante disso, o comitê pediu ao poder executivo e às agências de segurança nacional que abordem urgentemente essas deficiências.
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Com essas penas ridículas, Taiwan não vai conseguir combater esses crimes.