O que são pagers usados pelo grupo terrorista Hezbollah
Explosões de pagers, usados pelo grupo terrorista islâmico Hezbollah no Líbano, deixam mortos e milhares de feridos.
Já são 23 terroristas do Hezbollah mortos e cerca de 3.820 pessoas ficaram feridas após explosões de pagers, dispositivos de comunicação móveis, no Líbano. As explosões, ocorrida na dia de ontem, terça-feira (17/09), ocorreu em milhares de aparelhos usados pelo grupo terrorista islâmico Hezbollah, grupo terrorista xiita, que utilizava os aparelhos para sua comunicação. Autoridades locais investigam as causas das explosões, enquanto o grupo terrorista culpa Israel pela ação de ataque em massa contra terroristas do Hezbollah.
Pagers: a tecnologia dos anos 1990
Os pagers, também conhecidos no Brasil como "bipes", eram amplamente populares nas décadas de 1980 e 1990, antes da disseminação dos telefones celulares. Esses dispositivos foram patenteados em 1949 por Alfred J. Gross, engenheiro considerado um dos pioneiros na comunicação móvel sem fio, conforme relatado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Gross desenvolveu o pager como uma extensão dos rádios bidirecionais, permitindo que um receptor de bolso respondesse a sinais telefônicos específicos.
Os primeiros modelos permitiam apenas que o destinatário visualizasse o número de quem estava tentando contatá-lo, sendo necessário retornar a ligação de um telefone fixo. Com o passar dos anos, a tecnologia evoluiu, e os pagers ganharam telas que podiam exibir mensagens de texto, eliminando a necessidade de uma ligação direta.
Uso pelos terroristas do Hezbollah
Os pagers reapareceram recentemente no contexto do Hezbollah. O líder do grupo terrorista, Hassan Nasrallah, instruiu seus seguidores a abandonar o uso de smartphones, temendo que as forças de Israel pudessem rastrear suas comunicações. Diferentemente dos celulares, os pagers não possuem geolocalização, o que os torna mais difíceis de rastrear. "O pager é um dispositivo de comunicação móvel, que pode ser tanto unidirecional, quando só recebe mensagens, quanto bidirecional, que recebe e envia", explica Kim Rieffel, vice-presidente de Telecomunicações da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac) durante entrevista com jornalistas. “Eles operam por radiofrequência, sem conexão com a internet ou geolocalização”.
Entretanto, segundo fontes de segurança libanesas ouvidas pela TV Al Jazeera, os pagers que explodiram foram importados pelo Hezbollah há cerca de cinco meses e continham pequenas cargas explosivas — menos de 50 gramas. Um membro do Hezbollah informou que os dispositivos começaram a superaquecer antes de explodir. Além disso, os pagers eram de uma marca não usual para o grupo, levantando suspeitas sobre sua procedência.
Investigações e consequências
As explosões, que ocorreram em diferentes pontos do país, foram rapidamente associadas aos terroristas do Hezbollah. O grupo terrorista confirmou a morte de alguns de seus membros nas explosões, e as investigações preliminares apontam para a possibilidade de sabotagem nos dispositivos por Israel. Até o momento, as autoridades libanesas não esclareceram como as explosões foram provocadas, mas continuam investigando o caso.
Em resposta ao ocorrido, o governo libanês pediu que todos os cidadãos que possuam pagers descartem os aparelhos imediatamente, conforme relatado pela agência de notícias do regime iraniana Irna.
Enquanto as investigações avançam, Israel não fez comentários oficiais sobre as acusações do grupo terrorista Hezbollah. No entanto, a tensão entre os dois países tem aumentado nas últimas semanas, com relatos de ataques e contra-ataques na fronteira com Israel, sul do Líbano.
A segurança do pager
Ainda hoje, em plena era dos smartphones, o pager permanece em uso em determinados setores. "Médicos, equipes de logística, funcionários de fábricas e depósitos ainda utilizam pagers, especialmente em situações em que a comunicação deve ser imediata e não depende de internet ou redes móveis", observa Rieffel. Segundo ele, o dispositivo também é utilizado em "ambientes industriais que exigem o máximo de segurança na transmissão de dados".
Embora os pagers sejam considerados mais seguros em termos de interceptação de comunicação, devido ao uso de frequências de rádio diretas, o incidente no Líbano coloca em xeque a confiabilidade dos dispositivos no contexto de guerra e espionagem, reacendendo debates sobre a vulnerabilidade das tecnologias antigas.
O Ministério da Saúde do Líbano continua contabilizando o número de vítimas, enquanto as autoridades de segurança buscam identificar a origem dos dispositivos explosivos. Os terroristas do Hezbollah, por sua vez, reforçam suas acusações contra Israel, intensificando o clima de incerteza na região. As investigações sobre a explosão dos pagers seguem em andamento, e ainda não há prazo para a divulgação de um relatório conclusivo por parte do Líbano.
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Gostaria de saber se, depois de terminadas as investigações, concluirem que o que fez os pagers explodirem, foi apenas um defeito na bateria, que poderia ter afetado esse lote de aparelhos. Será que vão pedir desculpas a Israel? Duvido muito.